Eu sempre digo que perder peso é um desafio porque, infelizmente, apesar de todos os avanços que temos nos estudos sobre sobrepeso e obesidade, ainda estamos longe do ideal. Hoje sabemos que inúmeros hormônios e neurotransmissores controlam o nosso peso, pois atuam nos centros da fome e da saciedade.
De todos eles, na prática, com base em estudos sérios, só dosamos o hormônio tireoidiano. Mas, como ele é um dos milhares de hormônios que controlam o peso, não é raro vermos pacientes com problemas na função da tireoide sem qualquer repercussão no peso! Temos pacientes com tireoide “lenta”, que teriam tudo para serem obesos, mas são magros, e o contrário também (pacientes com tireoide acelerada, mas gordinhos)!
Então, qual medicamento será usado?
A escolha do medicamento vai levar em consideração uma série de fatores, entre eles, idade, comorbidades, medicamentos que o paciente já está usando para outras doenças e que possam vir a interagir com esses medicamentos para perda de peso, custo, entre outros.
No Brasil, os anorexígenos que ainda estão disponíveis são aprovados para transtorno da compulsão alimentar. Além dessa classe medicamentosa, temos os sacietógenos, que vão lá no centro da saciedade no nosso cérebro e “ligam” esse centro. Resultado? A gente sente fome, mas se satisfaz com uma menor quantidade de comida, o que muitas vezes é interpretado como “perdi a fome com o remédio”!
Outro ponto muito importante é lembrar que cada um é cada um, o remédio que funcionou para a vizinha, por exemplo, pode não funcionar para você. E isso acontece com todos os remédios! Não tem fórmula mágica! Não temos AINDA exames para descobrir o que em cada um de vocês está mexendo no peso! Por isso, a experiência clínica do médico acaba sendo mais importante! Por outro lado, isso dificulta o “acerto” de primeira! Quando a gente deixa bem claro que pode não ter resultado de primeira, que não é falta de vergonha na cara, o paciente não desiste! E acaba conseguindo o resultado.
Em quanto tempo? Impossível responder isso! Cada um é cada um!
Como falei, a gente tem poucos recursos para saber a causa. Ou melhor, praticamente nenhum recurso e por isso a gente acaba fazendo “tentativa e erro”, tendo apenas como base a nossa experiência clínica que nos permite direcionar o pensamento de acordo com a história clínica do paciente. Infelizmente, essa área é muito procurada, o que fez com que muitas coisas virassem moda. E os leigos nem sabem disso. Como em toda profissão, na minha também tem muitos colegas que inventam fórmulas mirabolantes, falam coisas que não são verdadeiras como, por exemplo, “se você mantiver o peso por X anos, nunca mais ganhará”.
Portanto, o que eu posso dizer é: não desistam! Procurem um médico que acolha cada um de vocês e ajude nesse trajeto, que não é fácil, mas também não é impossível. Não sigam dietas da moda, nem usem medicamentos sem indicação médica.
Persistam! O resultado virá!